quarta-feira, janeiro 01, 2014

TOP 10 2013

Vamos lá, meus melhores filmes de 2013. Mas antes dos filmes, dez atuações incríveis:

1 – Thure Lindhart, Deixe a Luz Acesa
2 – Denzel Washington, O Voo
3 - Joaquin Phoenix, O Mestre
4 - Philip Seymour Hoffman, O Mestre
5 – Domhnall Gleeson, Questão de Tempo

1 – Juliette Binoche, Camille Claudel 1915
2 – Rachel Weisz, Amor Profundo
3 – Cate Blanchett, Blue Jasmine
4 – Marion Cotillard, Ferrugem e Osso
5 – Nina Hoss, Barbara

Cinco filmes que quase chegaram no TOP 10:

O Mestre, EUA, de Paul Thomas Anderson
O Som Ao Redor, Brasil, de Kléber Mendonça Filho
Amor Pleno, EUA, de Terrence Malick
A Visitante Francesa, Coreia do Sul, de Hong Sang-soo
Django Livre, EUA, de Quentin Tarantino

Agora o TOP 10:

10 - A Viagem, EUA, de Tom Twyker, Andy Wachowski e Lana Wachowski - Taí um filme fantástico de verdade, alegremente delirante em sua trama multitempos e alma B, com herança forte daquele cinema dos anos 50 que tinha coragem de colocar John Wayne vestido de Gengis Khan, essas coisas. Uma joia de matinê de ficção científica, especialmente porque troca essa gravidade típica da geração Christopher Nolan por uma moral que é ao mesmo tempo adoravelmente ingênua (reencanações, etc) e estimulante (a sobrevivência da arte, a celebração das narrativas).

9 - Azul é a Cor Mais Quente, França, de Abdellatif Kekiche - Uma câmera, um rosto, um corpo e toda a paixão do mundo. Tanta fome de viver, de amar, de ser jovem, tudo registrado com incrível intimidade, como se a menina Adéle não coubesse na tela, como se a vida fosse sempre muito maior como o cinema, e não o contrário.

8 - Vocês Não Viram Nada, França, de Alain Resnais - Outro filme-artifício de Resnais, dessa vez celebrando o público. É preciso plateia para que os filmes ocorram, terminem, sejam concluídos, e cada vez que a história passa pro lado de cá da fruição, somos também atores reconstruindo dramas, sempre em várias diversões. Perfeito que Resnais celebre essa relação colocando sua stock company no papel da audiência, reinterpretando o que assistem.

7 - Bling Ring - A Gangue de Hollywood, EUA, de Sofia Coppola - Enfim a menina Coppola para de olhar para o próprio umbigo. Continuando no mesmo universo (gente rica, showbusiness), pela primeira vez ela se permite trazer ao primeiro plano uma fina ironia, um sarcasmo discreto, perfeitamente equilibrado com sua capacidade de filmar gente jovem bem de perto. O filme tá a um passo da misantropia, mas mantém-se nessa linha delicada entre ser distante e compassivo. Excelente cinema, aliás: seco, limpo, depurado.

6 - Hahaha, Coreia do Sul, de Hong Sang-soo - O primeiro dos filmes do diretor a entrar em cartaz comercialmente no Brasil é uma ótima síntese de suas principais qualidades: um gosto empolgante sobre o ato de contar histórias de diversas maneiras, uma graça de filmar gente desorientada mas capaz de beber e rir de suas desgraças - mas também chorar - e a leveza rohmeriana de transformar tudo isso em filme, num ritmo da vida.

5 - Barbara, Alemanha, de Christian Petzold - Rigoroso conto de sobrevivência na época da Guerra Fria na Alemanha Oriental, precisamente ajustado para a escala humana de quem tenta viver uma vida normal enquanto esconde seus mistérios e tenta escapar de sua realidade. Suspense gélido e belo retrato de mulher.

4 - A Hora Mais Escura, EUA, de Kathryn Bigelow - Grande filme de ação e obsessão sobre a caçadora de Bin Laden. Um filme que olha bem de perto o quanto se pode ser abusivo quando se perde a humanidade e, ao mesmo tempo, como esse esvaziamento pessoal serve de combustível para a conquista de um objetivo. O desmoronamento dessa mulher-máquina-motherfucker é pra não esquecer. O que resta à sua vida depois do assassinato orquestrado de seu alvo?

3 - A Filha de Ninguém, Coreia do Sul, de Hong Sang-Soo - É o mesmo Hong de sempre, só que bem mais pessimista e sombrio, com personagens mais próximos do desespero e dos becos sem saída típicos de fim de relacionamento. Poucas vezes a sensação de solidão doeu tanto no cinema recente.

2 - Amor Profundo, Inglaterra, de Terence Davies – Maravilhoso filme sobre a paixão como meio de destruição, e, ao mesmo tempo, como meio de se manter vivo contra a infelicidade permanente. Com um classicismo perdido em algum lugar dos anos 50 e o melhor plano do ano – aquele giro sobre a cama numa cena de sexo e prostração – Davies traz à vida todo um sentimento do cinema inglês do pós-guerra, de um melodrama sobre pessoas incapazes de fazer o amor dar certo, algo entre Desencanto, de David Lean, e Pelo Amor de Meu Amor, de Edward Dmytryk. Intoxicante.

1 – Tabu, Portugal, de Miguel Gomes – Perfeito exemplar de um romantismo bem típico do cinema português, de Odete a O Estranho Caso de Angélica, ancorado num tratamento com gosto de antiguidade, algo que aqui se manifesta por uma homenagem à sensibilidade do cinema mudo e pela memória de uma colônia africana do ponto de vista dos colonos. Em Portugal é assim: parece que em cada filme cabe toda a História de uma nação.