A simpática Cristina Padiglione fala mil maravilhas de Maysa - Quando Fala o Coração. Claro que duvidei, afinal Jayme Monjardim ainda é Jayme Monjardim e somente Pantanal parece dizer algo positivo sobre ele. Pois bem, vi cinco minutos dessa minissérie hoje.
Maysa: "Eu sou uma mulher contestadora e transgressora. Não nasci para respeitar regras". O tom é solene, igualzinho a Olga, e se eu não tivesse mudado de canal, a próxima fala seria "estou grávida de Luís Carlos Prestes", tenho certeza. Lição número para diretores de tv: a não ser que você tenha algo realmente muito forte para rodar, não adianta bancar o grave porque a fala ridícula não vai virar arte sem nenhum motivo, ainda mais em close-up. É melhor deixar o ator relaxar e falar a merda dele em paz, sem pretensões.
Enfim, pelo menos a melhor amiga de Maysa é interpretada pela maravilhosa Priscilla Rozenbaum, um primor de naturalidade até com esse texto horrendo do outrora talentoso Manoel Carlos. Ou talvez não; que pena para Priscilla. É muito melhor para ela estrelar os filmes do marido, Domingos de Oliveira, e entregar perfomances inesquecíveis, como a do arrojadíssimo Carreiras.
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Quando Fala o Coração também é o título de uma jóia escondida de Hitchcock. O filme é somente conhecido pela trilha monumental de Miklos Rosza e pela seqüência de sonho assinada por Salvador Dalí, mas merece crédito pelo senhor beijo de Ingrid Bergman e Gregory Peck, um dos melhores de todos os tempos porque dirigido como cena de suspense. Há toda uma tensão na cena, como se ambos fossem cometer um crime, e, no fim das contas, mal vemos o beijo. Um segundo depois, o suspense de verdade volta. Brilhante. Tá aqui, ó:
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Revi Hiroshima, Meu Amor na Walter no sábado. A idade só faz bem aos filmes, e a nós também. Rever esse filme com olhos cinco anos mais velhos é uma senhora experiência. O filme costuma encantar de primeira com sua inédita estrutura de quebra-cabeça, mas, caramba, como as palavras escritas por Marguerite Duras são fortes, em suas contradições. "Gosto de você. Você me faz mal". Brutal, e a mostra Resnais fica mais uma semana em cartaz na Walter. Imperdível, tudo em 35mm. Aperitivo. Primeira cena de Hiroshima, legendada em espanhol:
3 comentários:
Salmón, tenho acompanhado Maysa desde a estreia (desforra ortográfica) e todos os dias me pego reclamando do palavrório. Não deixaram a menina ficar calada sem fazer nada um minuto. Ontem, sentei em frente à TV e fui fazer minha contabilidade do mês (sim, eu faço). De cabeça baixa durante um diálogo, ouvi uma descompostura: - Você não está vendo. Respondi: - Claro que estou. Estou ouvindo.
E esta hora da "mulher contestadora"... Deu dó, fui fazer uma salada.
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