10 - Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan
Shyamalan dá seu habitual show de imagem, e desta vez não tenta descer goela abaixo do espectador nenhuma mensagem tola ou sua visão de mundo algo ingênua. Mais do que um grande filme, um filme de grandes cenas.
9 - Falsa Loura, de Carlos Reichenbach
A vitória do brega, sem medo de ser feliz, com referências que vão de Paul Verhoeven a Valerio Zurlini. Nada é vulgar nesse filme aparentemente simples. Sua protagonista, Rosane Mulholland, é um arraso.
8 - Wall-E, de Andrew Stanton
A Pixar continua sendo a fonte mais segura de qualidade cinematográfica no cinema atual. Wall-e é um salto sem rede com direito a 40 minutos sem diálogos, momento de pura confiança no poder de comunicação da imagem.
7 - Em Paris, de Christophe Honoré
Um filme sobre estar com o coração cheio, seja por um amor destruído ou uma paixão arrebatadora. Honoré refunda a nouvelle vague com a cena do ano, um diálogo cantado ao telefone.
6 - 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Christian Mungiu
Muito mais do que filme-denúncia, um aterrorizante ensaio de suspense do novo cinema romeno. Preparativos, execução e conseqüências imediatas de um aborto são encenados em tempo real, com longos planos fixos que fazem o espectador torcer para aquela situação acabar logo. Muito desagradável e indispensável.
5 - Paranoid Park, de Gus Van Sant
Van sant sabe filmar gente jovem, e dessa vez o faz de maneira subjetiva, de dentro da cabeça do protagonista. O tempo segue a ordem dessa mente desajustada, e a música sobre quando o diálogo não é importante. Belo fecho para a radical tetralogia de filmes pequenos do cineasta, iniciada com Gerry, uma das obras-primas da década.
4 - Canções de Amor, de Christophe Honoré
O turbilhão de sentimentos que é caro a Honoré ganha tradução em um musical pan-sexual e libertário, cheio de belas canções fáceis sobre amores que vêm e vão. Leve e cheio de energia.
3 - Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson
P.T. Anderson pode ter se livrado dos filmes-tapeçaria, mas ainda deve muito a Robert Altman. Seu protagonista empreendedor não deixa de ser um contraponto ao Warren Beatty de McCabe & Mrs. Miller. Enfim, a América, nas mãos de um menino-prodígio animal de cinema, que não está disposto a decepcionar.
2 - A Questão Humana, de Nicolas Klotz
A melhor atuação do ano é de Mathieu Amalric nesta gélida obra sobre o mundo corporativo contemporâneo. Klotz deixa pontas soltas e respeita a complexidade do universo que aborda, sem causa-e-efeito ou conclusões tolas para o enlouquecimento de seu protagonista, um profissional de recursos humanos que descobre coisas não muito agradáveis sobre a empresa que trabalha. O final é um primor de economia narrativa - A Lista de Schindler inteiro não consegue mostrar o nazismo de maneira tão horrorsa como a tela preta que encerra este longa magistral.
1 - Onde os Fracos Não Têm Vez, de Ethan Coen e Joel Coen
O melhor vencedor do Oscar de filme desde Amadeus, ou, quem sabe, O Franco Atirador, é a obra mais bem escrita e dirigida que se vê em anos. Há tensão em cada frame, nenhum fotograma é perdido, e o coração para até mesmo quando uma folha de papel se desamassa em cima de uma mesa. Esse tratamento infernal e sem sossego faz um belo comentário sobre a implosão da América Central ao deixar solto um Anticristo no meio do Texas. Obra-prima do apocalipse.
Cinco atores, na ordem:
Mathieu Amalric, A Questão Humana
Daniel Day-Lewis, Sangue Negro
Stepan Nercessian, Chega de Saudade
Philip Seymour Hoffman, Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto
Tommy Lee Jones, Onde Os Fracos Não Têm Vez
Cinco atrizes, na ordem:
Belén Rueda, O Orfanato
Julianne Moore, Pecados Inocentes
Rosane Mulholland, Falsa Loura
Rachel Weisz, Um Beijo Roubado
Ludivine Sagnier, Uma Garota Dividida em Dois
4 comentários:
Gostei de sua lista, filmes mais autorais que demonstram o cinéfilo que você é. Perdi alguns deles. Aprecio muito 'Falsa loura', do Comodoro, e tenho verdadeira fascinação por Rossane Mulholland, uma graça de mulher.
Prezado Saymon
Imprimi na memória sua lista que juntamente com a indicada por Professor Setaro são mapas importantes para os que apreciam a sétima arte. Parabéns pela virada de qualidade das matérias sobre cinema publicadas na A Tarde. As informações sobre a Mostra na Sala Walter da Silveira, uma delas, revelam domínio nesta arte.
Muito legal o blog, mais ainda seu nome (esperandogodard). Eu sou mais um dos fãs desse gênio (o maior!).
Sua lista é boa, tenho que ver o quanto antes esse "questão humana" que todos estão colocando entre seus preferidos do ano.
No Country é insuperável mesmo, mas detestei "Sangue Negro".
Faltou um tal "Traição em Hong Kong" (Boarding Gate), do Olivier Assayas, o melhor diretor da atualidade. Não sei se viu, mas fica a dica.
E "Senhores do Crime", hehe.
Saudações cinéfilas.
já assistiu "Um Conto de Natal", também com o Mathieu Amalric? Vale muito a pena...
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