terça-feira, agosto 23, 2011

Algumas notas sobre Fina Estampa

1 - Uau, primeiro capítulo sem sequestro de avião, viagem internacional gratuita ou participação especial bombástica. Em vez disso, todas as fichas numa aposta de cotidiano popular, numa versão mais remediada de Manoel Carlos, trocando o Leblon pela Barra. Um a zero pra novela.

2 - Primeira novela em muito tempo que conta com um protagonista que parece ser realmente o protagonista da novela. Conte aí de memória, e perceba que a tendência dominante nestes dez últimos anos é que algum ator secundário ou antagonista sequestre a novela, tirando o foco dos atores principais. Lília Cabral, que fez esse truque em Páginas da Vida, A Favorita e Viver a Vida, agora tem uma novela para chamar de sua, e ela deixou claro nesse primeiro capítulo que ninguém vai brilhar mais que ela.

3 - Não é estrelismo, mas atuação. A mulher é um monstro. Engraçada, divertida, humana, emocionante - esse capítulo é um trailer promissor de tudo que a Cabral, como melhor atriz de tv do Brasil na atualidade, tem para mostrar nos próximos oito meses. Já Christiane Torloni pareceu apenas mais uma perua de novela das oito - banal, estridente, imemorável. Sem contar que é uma repetição ruim para a própria Torloni, que já vem de outras peruas e não faz nada de notável desde a sua excelente e incompreendida Helena, de Mulheres Apaixonadas.

4 - Seu antecipado mordomo-gay-acessório, papel de Marcelo Serrado, é outra banalidade. Parece ainda o último da fila da nova geração de bichas estridentes de novela, rol que inclui Leonardo Miggiorin em Insensato Coração (papel idêntico de gay fiel escudeiro de perua), o muito bom André Gonçalves, no ar em Morde e Assopra e o número 1 Marco Pigossi, o Cássio Choquei-Tô-Rosa-Chiclete de Caras e Bocas. Ele, aliás, tenta emplacar um galã jovem nessa Fina Estampa, mas duvido que pegue.

5 - Muito fail o merchã da Kia. Você sai da concessionária e o pneu fura. Que qualidade de pneu a Kia oferece aos clientes, hein?

6 - Abertura com tema instrumental não dá sorte pra novela nenhuma. Não tô 15 dias pra colocarem uma música. Além disso, a abertura é bem ruim: faz parecer ser mais uma novela sobre o mundo da moda, gênero que deveria ser extinto, tirando as exceções de praxe, como Ti Ti Ti.

7 - Eles querem ser cotidianos, mas os temas não precisam ser batidos. Não vejo muito futuro nessa onda do marido-bate-em-mulher (A Favorita, Mulheres Apaixonadas) ou filho com vergonha da mãe (Morde e Assopra). Só falta alguém ter problema de alcoolismo. Aliás, a novela ganha se evitar enquadrar seus conflitos em "temas". A Globo pode até ganhar prêmios de responsabilidade social, mas a novela fica chatíssima.

8 - Será que depois dessa sai a Playboy de Adriana Birolli? Legais as insinuações de sexo oral da cena do motel (Birolli precisaria mudar esse penteado, no entanto).

9 - Dalton Vigh nunca vai me convencer como protagonista, principalmente porque sempre é a última opção, a que resta, a sobra. Foi assim em todas as novelas. Desta vez, ele tapa o buraco de Alexandre Borges.


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