>>> Emanuella Sombra inaugurou novo blog, sem perder os trocadilhos do sobrenome. Criou uma endo-blogosfera, página principal + blogs colunas, também assinados por amigos. Inaugurei uma dessas páginas agregadas. Sombra é talento ascendente no jornalismo nacional, pronta para, junto com seu par, Vitor Pamplona, travar duelo de frases amorosamente cortantes numa grande redação. O final é obviamente feliz, como num filme de George Cukor ou Howard Hawks. Pamplona, também cineasta, está mais para autor russo. Seu debut, o curta Notas de Obituário, é uma precisão de atmosfera leste-européia desconstruída.
>>> Não vejo Páginas da Vida. Parece que Manoel Carlos está em fase extrema. Parei numa banca atrás de figurinhas pro meu álbum do campeonato espanhol, e vejo três manchetes de revistas baratas: 1) Clara é raptada; 2 ) Carmem seqüestra Bira; 3) Alex some com Francisco. Com andam as estatísticas desse tipo de crime? Enfim, somente reprise de Renascer ou volta da dobradinha Benedito Ruy Barbosa & Luiz Fernando Carvalho para me colocar na frente da tv de novo. Aliás, dia 20 começam as gravações da próxima novela da oito, aqui em Salvador. Tem um núcleo baiano, de turismo sexual.
>>> Estou cada vez mais fascinado por filmes arcaicos, com soluções narrativas que se alicerçam em somente uma das mídias de onde o cinema se originou (teatro, romance, fotografia, pintura) ao invés de se afirmarem como uma síntese delas todas, ou como “cinema puro”, de “filmes cinematográficos”, quase sempre estripulia de montagem. Por exemplo: Consciências Mortas, de William Wellman, ou Boulevard do Crime, de Marcel Carné. São exemplos de teatro e novelona filmados sem muita “linguagem”, mas que se alojam na cabeça de maneira indelével. Essas obras são pedra no sapato contra a idéia amplamente difundida que não importa o que se conta, e sim a maneira de fazê-lo. A grandeza de Wellman e Carné não vem da administração, mas somente da força dos temas e situações. Claros enigmas. Bom diferenciá-los de coisas como Carta de Uma Desconhecida, de Max Ophuls, ou Rocco e Seus Irmãos, de Visconti, em que a influência do romance é mais que evidente, mas não decorre de apagamento da direção.
>>> É impressionante como não vejo notas falsas na produção de cinema argentina. À exceção de Lugares Comuns, de Adolfo Aristarain, é tudo muito bom. Curioso também que a maioria dos filmes é bem acessível, thrillers, melodramas, comédias. (Lucrecia Martel destoa dessa tendência, com seus excelentes O Pântano e A Menina Santa, mais áridos) Filmes com gente boa, com nuances, complexidades, como as pessoas da vida real costumam ser. Ninguém é um tipo de papelão. A realidade dessa gente é um elogio, com certeza. Mais sobre isso aqui.
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