quinta-feira, novembro 02, 2006

Faixa Nobre do Esporte

UPDATE: O sufoco que o time tomou da Holanda me fez sentir falta do time velho. O passe não saiu, Carol ficou meio hesitante, e onde está a bola de segurança para resolver. Sassá, cada vez melhor, entrou e não fez feio. Pena que Mari tenha saído. Não tava muito bem, mas é porque o lugar dela é mesmo como oposto. Contra os Estados Unidos, ela entrou no final do primeiro set na inversão do 5-1, já que Renata não se destacou muito nos últimos jogos. Sobre os EUA, onde está Logan Tom?

Fui até as duas da manhã lendo. Ligo a televisão, e, grata surpresa, a Globo transmite o Campeonato Mundial Feminino de Vôlei. Pena que essas competições são sempre no Japão, e provocam horário proibitivo. Ainda assim, prazer absoluto ver a geração de Zé Roberto jogar, mesmo contra o Cazaquistão.
Dizem que é bom time, e deu calor nos Estados Unidos (perdeu de 3 a 2) na primeira rodada, liderado pela ponta Pavlova – incríveis 40 pontos. O problema do jogo contra o Brasil é que a equipe ex-soviética desistiu, poupando-se para quando tivesse mais chances. Pavlova foi sacada no final do primeiro set. Mari, Sheila, Jaqueline, Fabiana, Walewska e Carol não deram chances: 3 a 0, com parciais de 25-17, 25-13 e 25-16.
O melhor foi ver a seleção completamente azeitada, mesmo sem Fofão, que sofreu lesão leve. Há quatro anos, na Alemanha, Marco Aurélio Motta levou o Brasil pro mundial com muitas dessas jogadoras, depois que veteranas abandonaram o time. Paula Pequeno, Sassá e Sheila, entre outras, foram até às quartas, onde perderam para a China num dramático 3 a 2.
Depois do quarto lugar (das veteranas) nas Olimpíadas, o time novo tem varrido todos os títulos, e chegou ao hexa no Grand Prix. A geração anos 90/início dos 2000 jogava no tempo da vantagem, com atacantes de força e bola alta: Ana Moser, Virna, Elisângela, Raquel, Érika. O Brasil tentava ser um misto de mais leve de Rússia e Cuba – o dream team tricampeão olímpico de Regla Bell e Mireya Luis.
O novo vôlei está mais adaptado ao tempo da China, time que ganhou cada vez mais projeção depois do vice-olímpico em Atlanta, até a medalha de ouro em Atenas. É um vôlei muito marcado pela tradição oriental da velocidade, só que jogadoras altas e muita força de ataque. A geração Zé Roberto,entrou nesse tempo. Todas as bolas são de grande velocidade – é como se todo mundo jogasse no ritmo da musa Leila.
Jaqueline, Sassá e, principalmente Sheila arrebentam nesse estilo, e ainda são capazes de “resolver” as bolas complicadas, embora sem a potência da geração passada. Para o desafogo o Brasil conta com Mari, minha jogadora brasileira preferida da atualidade. Ela não aparece muito em jogos fáceis, e seu estilo é bastante frio, mas quando o jogo precisa de braço, não há competição. Lembro da semifinal de Atenas, contra a Rússia. O Brasil perdeu e Mari errou a última bola, mas já tinha feito 37 pontos.
Enquanto essas partidas decisivas não chegam, Zé Roberto faz bem em dar rotatividade ao time. Contra o Cazaquistão todas as reservas jogaram. Entre elas a ex-titular Paula Pequeno, que esteve afastada da seleção por conta de gravidez. Renata, a jogadora com braço mais pesado do time, ainda tem um tempo muito Bernardinho, mas é perfeita pra movimentar o time durante as inversões da diagonal da levantadora. (Eu a vi jogar aqui em Salvador pelo antigo BCN, durante a Copa Salonpas. Foi a melhor atacante da competição, batendo Virna, do mesmo time, que foi melhor pontuadora).
Enfim, acho que o Brasil tem tudo pra levar seu primeiro ouro mundial, e colocar de vez o time feminino em pé de igualdade em títulos com a equipe masculina. Os grande adversários devem ser os suspeitos de sempre: China, Rússia e Cuba, agora renovada, e com uma atacante do nível do dream team, Calderón Diaz. Comendo pelas bordas, a atual campeã, Itália Zebra em 2002), além de novidades, como Sérvia. O time eslavo não tema tradição de sua equipe masculina, mas surpreendeu nas duas primeiras rodadas, batendo justamente Cuba e Itália. O campeonato está só começando.
(Eu sempre gostei muito de esporte, pela TV. Sou órfão da Faixa Nobre do Esporte, da Band. Assistia até campeonato de sinuca.)

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