domingo, novembro 09, 2008

Lubitsch não faria

Agora entendo o fracasso de Beija-me Idiota, de Billy Wilder. O filme não é nada fácil: carro de cantor famoso e mulherengo quebra numa cidadezinha pequena. O compositor local decide hospedá-lo, como é muito ciumento, decide brigar com a mulher - que é fã do cantor para tirá-la de casa por uma noite, e a substituiu por uma prostituta. A certa altura da projeção, os papéis se invertem de vez, a esposa vai parar no trailer da prostituta. Essa troca de papéis chega a ser consumada sexualmente, isso em 1960 e poucos. O filme é uma comédia.



Ligações perigosas

Não tinha como dar certo: a própria chegada aos anos 60 torna cenários e ambientação mais realista, que não casa nem um pouco com a graça farsesca que Billy Wilder imprime no seu roteiro. Por outro lado, o filme tem níveis inéditos de grosseria. Mesmo nos filmes mais sexualizados que Wilder havia feito até então, não há piadas como "Não é muito grande, mas é limpa" - uma referência de duplo sentido feita pelo compositor, quando mostra a sua casa à prostituta.

Wilder, que tinha uma plaquinha no escritório dizendo "What would Lubistch do?", nunca se afastou tanto de seu mestre. Beija-me Idiota tem a sutileza de uma jamanta. É um filme extremamente ácido e agressivo, tanto que fica a dúvida: é bom pela coragem ou ruim pelo exagero? Em DVD.

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