quinta-feira, maio 21, 2009

Nouvelle Vague 50 anos: TOP 20

Alguns cadernos de cultura já publicaram nos últimos meses edições especiais dedicadas ao cinquentenário da nouvelle vague. No entanto, por mais que alguns filmes anteriores a maio de 59 sejam associados ao "movimento", a explosão da nova onda se dá mesmo com a exibição de Hiroshima, Meu Amor, Acossado e Os Incompreendidos no Festival de Cannes daquele ano.

As aspas em movimento no parágrafo anterior são mais que justificadas quando pensamos os filmes no todo. Não há muita unidade entre eles, ou alguma característica temática específica. No entanto, essa sede de liberdade e leveza que os une é incontornável.

Por esse aspecto fluido de identificação, elaborei minha lista de preferidos abaixo de maneira completamente pessoal, sem me preocupar muito com os critérios de inclusão. Por exemplo: Quem Matou Leda?, de Chabrol, me soa muito mais próximo dos filmes recentes do diretor do que dos que ele fazia na época, como As Simplórias, que veio logo depois e é 100% NV. Louis Malle não era do "grupo", mas não tem quem me diga que Ascensor Para o Cadafalso não é NV. E se eu não sinto nada especial por Paris Nos Pertence, de Jacques Rivette, ele obviamente não aparece aqui. Enfim, só botei um limite no tempo: 1958-1964.

20 - As Simplórias, de Claude Chabrol
19 - Uma Mulher é Uma Mulher, de Jean-Luc Godard



Anouk Aimée, em Lola

18 - Lola, de Jacques Demy
17 - Nas Garras do Vício, de Claude Chabrol
16 - A Moça da Padaria, de Eric Rohmer
15 - Uma Mulher Casada, de Jean-Luc Godard



Françoise Brion, em A Imortal

14 - A Imortal, de Alain Robbe-Grillet
13 - Viver a Vida, de Jean-Luc Godard
12 - Acossado, de Jean-Luc Godard
11 - Trinta Anos Esta Noite, de Louis Malle



Brigitte Bardot, em O Desprezo

10 - O Desprezo, de Jean-Luc Godard
9 - Um Só Pecado, de François Truffaut
8 - Cléo das 5 às 7, de Agnès Varda



Jeanne Moreau, em Ascensor Para o Cadafalso

7 - Ascensor Para o Cadafalso, de Louis Malle
6 - Os Incompreendidos, de François Truffaut
5 - Jules e Jim, de François Truffaut
4 - O Ano Passado em Marienbad, de Alain Resnais
3 - Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Demy



Davos Hanich, um corpo cai em La Jetée

2 - La Jetée, de Chris Marker

e o número 1:



Hiroshima, Mon Amour, de Alain Resnais

9 comentários:

Marcelo Miranda disse...

Liberdade total aí, hein. "Os Guarda-Chuvas do Amor" não é NV nem na China, seu trapaceiro!

André Setaro disse...

Meu Caro Saymon,

Concordo com Miranda: "Les parapluies de Cherbourg", de Jacques Demy, não pode ser considerado da Nouvelle Vague. E também achei que você colocou "Acossado" longe demais (décimo-segundo lugar). No mais, a liberdade de escolha e a questão subjetiva.

Saymon Nascimento disse...

Hum, apesar da "classificação" histórica imprecisa - e de Godard meter o sarrafo no filme - minha inclusão foi pessoal mesmo, porque não vejo como o parentesco possa ser dissociado. A mesma paixão, a mesma leveza incontrolável, a mesma liberdade em relação ao amor e as emoções... Se Lola é nouvelle vague, Guarda-Chuvas também. Diferente mesmo só o colorido explosivo e o lirismo transportado pra dentro do estúdio, com mais controle.Fora isso, Guarda-Chuvas é NV de corpo e alma.

Marcelo Miranda disse...

"Diferente mesmo só o colorido explosivo e o lirismo transportado pra dentro do estúdio, com mais controle."
Mas é EXATAMENTE por isso (e outras características) que o filme não pode ser considerado NV. Se você coloca isso do filme, então ele simplesmente não é do movimento - que, você sabe, não era caracterizado simplesmente pela paixão em filmar ou pela "liberdade em relação ao amor". Era bem mais que isso.

Saymon Nascimento disse...

Mas, Marcelo, o lance é de ponto de vista: se as características desnouvellevaguezantes não conseguem mudar a alma do filme por dentro, então ele ainda vai ser NV, mesmo que híbrido.

Até porque essas características de direção variam muito de filme para filme dentro do movimento, que nem é movimento, a rigor. Preferi então uma aproximação mais humana mesmo.

É como disse: não há nada que separe Guarda-Chuvas de Lola, a não ser essa carcaça. E só aparentemente, porque mesmo dentro das diferenças Demy conseguiu muitas semelhanças, bem significativas. A câmera dele flutua como se estivesse na rua.

Marcelo Miranda disse...

"A câmera dele flutua como se estivesse na rua."
Mas não está na rua, e, a meu ver, isso faz muita diferença. Entendo o seu ponto de vista, e o respeito, mas há de convir que existe aí um "empurrãozinho" pra legitimar filmes que não são vinculados ao que se convencionou chamar de NV.

Saymon Nascimento disse...

O empurrãozinho eu admito mesmo. Não é puro sangue, mas um puta e brilhante filho bastardo.

Claudio disse...

Enquanto se discute a legitimidade dos guarda-chuvas, não é melhor abrigar-se sob uma marquise?

Wallace Andrioli Guedes disse...

Olá. Conheci o blog agora, e gostei bastante.
Confesso não ter visto muitos filmes da Nouvelle Vague, mas, dos que vi, estão todos na sua lista, eu acho. E, se fizesse uma, provavelmente também colocaria HIROSHIMA, MON AMOUR em primeiro lugar, sou apaixonado pelo filme do Resanais.
Abraço!