domingo, agosto 20, 2006

Fassbinder, Malick


Sem tempo para escrever, vou mencionar dois filmes que vi recentemente e me deixaram de olhos bem abertos:

Lili Marlene, talvez meu filme preferido de Rainer Werner Fassbinder. Projetão, direção de arte, elenco internacional - o que normalmente diluiria um cineasta radical, é para Fassbinder uma oportunidade de ser mais aplicado ainda na sua paixão pelos melodramas de Douglas Sirk. O corte do filme é Hollywood, mas sem perder uma vírgula da crítica e do ceticismo fassbinderiano (e sirkiano). Agora, como o filme foi rodado em inglês e posteriormente dublado em alemão, o DVD da Versátil deveria ter o áudio original.

Dias de Paraíso tem todas as qualidades que dão carga para detratores desqualificarem Terrence Malick como cineasta hippie: lentidão, marola, paz. Eu gosto, e desse filme especialmente - uma história de amor em algum lugar entre O Destino Bate à Sua Porta e Os Desajustados. A trama é a mesma de As Asas da Pomba. Casal planeja aproximação com uma pessoa rica e com pouco tempo de vida, que deve ser seduzida e deixar sua fortuna para usufruto dos golpistas. O problema, tanto aqui como no romance de Henry James, é que surge uma paixão sem futuro entre escroque e vítima. De qualquer jeito, qualquer sinopse apressada não dá conta de anunciar a delicadeza letal da coisa toda. Sam Shepard, como o fazendeiro moribundo é perfeito. Estou lendo um livro de contos dele, Cruzando o Paraíso, cujo tom é o mesmo desse filme, bem bom.

2 comentários:

Paulo disse...

"cruzando o paraíso"....Onde fica o paraíso?

Saymon Nascimento disse...

Pra Sam Shepard, não sei se exatamente paraíso, mas o cenário é completamente Mid-West, Utah, Texas, Wyoming.