Paula Toller fez show na cidade neste fim de semana. Isso me lembra Tim Burton. Eu estava querendo falar de Sweeney Todd, mas vejam esse vídeo primeiro - Toller e Chico cantam Dueto:
No fundo, Johnny Depp e Helena Bonham Carter fazem a mesma coisa que a dupla. Não sabem cantar e tentam se virar na base da interpretação. Chico usa a seu favor o fato de ser um não-cantor. Falando baixo suas letras sensacionais, provoca comoção nas mulheres - o homem do lado, próximo, pode ser tão inteligente e sedutor - e identificação nos homens - o cara detona sendo terreno, mundano, próximo, mesmo que nenhum de nós escreva letras assim.
O caso de Toller é mais complicado. Cantora claudicante, ela mudou de tática ao longo da carreira para continuar tendo apelo, e talvez nem saiba disso. Jovem, sua voz estridente soava bem nas letras adolescentes, de educação sentimental. Dava carisma e autenticidade às besteiras que escrevia.
Nessa fase com Chico, ela está, digamos, no primeiro ano de faculdade, pegou uns livros para ler e está de quatro por um professor mais velho. No vídeo, Chico está claramente cantando a garota ingênua e pretensiosa, vejam, mas um pitéu. Mais velha, depois de anos loucos de faculdade, ela se sustenta na presença sexual. Longe de ser uma mulher arrasa-quarteirão, ela é bonita e sedutora, faz cara de liberada e conquista. E mesmo sem ter se tornado uma boa cantora, essa sexualidade está na sua voz. Dá para ouvir.
Mas deixa o Sweeney Todd para lá, por enquanto. O esforço de Depp e Carter em mascarar a falta de voz não vale a pena. Eu volto ao assunto depois, porque acabei de ver Sangue Negro e não consigo manter a concentração escrevendo sobre outros filmes. Mas deixa esse também ficar decantando um pouco. Abraço.
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