quinta-feira, maio 15, 2008

This girl is a walking disaster

A frase do título é dita por Rock Hudson lá pelo meio da projeção de O Esporte Favorito dos Homens, ótima comédia que Howard Hawks fez no início dos anos 60. O filme não é uma obra-prima, longe disso, mas, numa definição básica e rápida, só consigo pensar naquele pleonasmo: entretenimento divertido. Só a cena do urso andando de moto já vale o ingresso - ou a energia gasta pelo pc durante o download. Mas, se há um motivo que faz que com que o longa não se destaque na carreira do diretor é justamente a mocinha walking disaster, Paula Prentiss.

A personagem é ótima, com a característica-assinatura de todas as mulheres hawksianas: independente, espirituosa, sexy e, às vezes, bem inconseqüente. Ver a inexpressiva Paula Prentiss na tela só me lembrou de como o diretor já fez escolhas muito melhores para os papéis femininos dos filmes que dirigiu. Só como exemplo, basta ver a diferença, nesse mesmo, entre Prentiss e Charlene Holt, que aparece rapidamente como a namorada de Hudson. Aquilo sim é que é mulher presença.

Se O Esporte Favorito dos Homens me levou a escrever alguma coisa, o assunto é justamente as mulheres dos filmes do diretor. Listo minhas preferidas:

10 - Rita Hayworth, O Paraíso Infernal

Ainda coadjuvante, a futura Gilda faz o amor passado de Cary Grant, audaz piloto em algum lugar não identificado na América do Sul. Rita parecia verde e crua na tela, mas nunca foi tão boa como atriz. Com um ou outro detalhe, ela sugere a paixão antiga ainda viva, e, ao mesmo tempo o desejo de continuar independente. Jean Arthur, também no elenco, é bem simpática, mas não aguenta a concorrência.

9 - Barbara Stanwyck, Bola de Fogo

Cantora de cabaré (o que queria dizer outra coisa em 1941, claro) se refugia da máfia na casa onde cientistas preparam uma enciclopédia. Stanwyck, claro, vira a cabeça de todo mundo, especialmente do jovem Gary Cooper. Vulgar e sensual, mas não exatamente bonita, ela já libera um pouco do sex-appeal que marcaria sua carreira depois em Pacto de Sangue, de Billy Wilder - aliás, o roteiro é dele.

8 - Angie Dickinson, em Onde Começa o Inferno
7 - Jennifer O'Neill, em Rio Lobo
6 - Charlene Holt, em El Dorado

O primeiro filme é Onde Começa o Inferno, que Hawks refez duas vezes, como El Dorado e Rio Lobo. Nos três longas, há o papel sensacional da prostituta/dançarina que flerta com John Wayne e ajuda o xerife na troca de reféns com os bandidos. A melhor bombshell é Charlene Holt, atirada, sexy, sem medidas. O'Neill é a mais bonita, e Dickinson, a original, se valia de seu belo par de pernas para enlouquecer a cidade sitiada.

5 - Marilyn Monroe, em Os Homens Preferem as Louras
4 - Jane Russell, em Os Homens Preferem as Louras



A loura e a morena, quadris de Marilyn e seios de Jane. A dupla perfeita, duas cavadoras de ouro espertas e divertidas caçando um marido rico num transatlântico. A canção dos diamantes tornou Monroe icônica, mas Russell é ainda melhor neste filme. Na grande cena do filme, ela se disfarça de Marilyn para salvar a barra da amiga num tribunal - o tipo de coisa que só pode acontecer em Hollywood. Geniais as duas conterrâneas de Bill Clinton, apenas duas garotas de Little Rock.

3 - Rosalind Russell, Jejum de Amor



A melhor jornalista intrépida de todos os tempos não come reggae de ninguém, e tem o melhor faro de toda a redação. Mas vai casar e abandonar a carreira. O editor e ex-marido, Cary Grant, claro, não vai deixar. Bota Rosaling Russell para cobrir uma execução de pena de morte no último dia de expediente. Ela vai se virar nos 30, falando pelos cotovelos com toda a malícia e bom humor que o roteiro lhe dá de presente. Furacão.

2 - Katharine Hepburn, em Levada da Breca



As falas não são tão boas quanto as de Rosalind Russell, mas Hepburn leva o troféu inconseqüência. No filme mais rápido da história (é mesmo, botem qualquer Matrix na frente para comparar), ela cisma com a cara de Cary Grant (sempre ele, aqui como um cientista tímido em busca de patrocínio para um projeto com dinossauros), e faz de tudo para tê-lo para si, mesmo que só atrapalhe a vida do coitado. Detalhe para o leopardo de estimação, Baby. A certa altura do filme, o pet domesticado troca de lugar com uma fera que fugiu do zoológico, mas Hepburn não está nem aí. Não percebe a troca e doma o animal na unha.

1 - Lauren Bacall, Uma Aventura na Martinica



"You know how to whistle, don't you? Just put your lips together and blow". Falei desse filme e dessa atuação há dois posts. Acho que já disse tudo - a mulher deixa o peão no chão com sua mistura de segurança e sensualidade, sem que, nesse caso, haja qualquer tipo de vulgaridade, mesmo quando ela beija Bogart no rosto, e lhe bate na cara. É a barba. E ela canta também, eu já disse. Ela tinha só 18 anos. Primeira aparição no cinema. Inacreditável.

2 comentários:

Angelov disse...

interessantes colocações sobre "Into the Wild".

fazem sentido

bises!

Angelov disse...

obrigadinha pelo video da russell