Já estão no ar as vinhetas de Páginas da Vida, nova novela de Manoel Carlos. Só ele pra me fazer assistir novela das oito: a última que tive estômago para assistir, e com todos os problemas, foi Mulheres Apaixonadas. Antes, Laços de Família, o melhor esforço do horário desde A Indomada. Isso acontece pela incrível sucessão de lixo produzida pelos nada inspirados Silvio de Abreu, Aguinaldo Silva, Gilberto Braga e até Benedito Ruy Barbosa.
Este último é de longe o melhor autor de novelas, o cara que fez Renascer e O Rei do Gado, mas nada produz de inédito - tanto Sinhá Moça quanto Cabocla são adaptações que as filhas dele fizeram de textos antigos, já filmados. Mad Maria, uma porcaria, havia sido escrita há vinte anos, e Esperança... Bem, Benedito estava tão doente que teve de abandonar o barco, mas tenho a solitária impressão de que, pelo que vi, Esperança foi uma novela subestimada. Luiz Fernando Carvalho, o diretor, fez experimentações ousadas, havia uma elaboração técnica de verdade (esqueça Jayme Monjadim, farsante). E apesar do sotaque de Ana Paula Arosio, o último capítulo começava de maneira incrível. Arosio nua, câmera a mostrando lateralmente, se levantava da cama onda havia se deitado com Reynaldo Gianechinni, um off cinematográfico inesperado explicava a separação.
Manoel Carlos
Mas voltando a Manoel Carlos e a Páginas da Vida: as impressões não são muito animadoras. É evidente a interferência da mão pesada de Monjardim na paleta do cores, em alguns ângulos, a música parece ficar mais alta. Manoel Carlos, que funcionava muito bem com Ricardo Waddington com o tom leve cotidiano, tudo muito azul e branco, bossa nova muito bem usada, agora corre o risco de ver sua novela transformada num melodramão cheio de lirismo de botequim, pseudo-artístico.
Regina Duarte também já não parece uma boa escolha pro papel habitual de Helena. Perfeita em História de Amor, a campanha do "eu tô com medo" desgastou sua imagem, ainda mais com a provável vitória de Lula no primeiro turno.
Bom, se não funcionar, o jeito é abandonar de vez a ficção televisiva, ao menos até Luiz Fernando Carvalho dirigir alguma coisa, ou quem sabe Carlos Lombardi entregar outra obra-prima revolucionária no horário das sete, como Kubanacan. Enquanto isso, tv só pra jornal e esporte.
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