terça-feira, março 18, 2008

Volterra

Quero muito ler uns livros acumulados aqui em casa, coisa que comprei, mas não li, principalmente três coisas - um novo, e dois velhos, comprados no Berinjela: A Estrada, de Cormac McCarthy, O Leopardo, de Lampedusa, e Um Homem Só, de Christopher Isherwood. Espero, num futuro próximo, deixar impressões sobres esses livros aqui.

Por enquanto, vou aproveitando o tempo que me vem sobrando para me atualizar com a piauí. Enquanto todo mundo comenta o perfil de PVC (isso no mês passado; não sei qual é a bola da vez agora), ainda estou na edição de novembro. Tava tudo meio morno, até ter encontrado na madrugada de hoje um texto sensacional de Marcos Sá Correa, Xilindró alla Volterrana.


Vista de Volterra

Muito boa a história da cidade, com seus prisioneiros gourmets, encarcerados na fortaleza da família Médici. Volterra, na visão de Sá Correa, aparece bem mais interessante do que a cidade fantasma mostrada em Vagas Estrelas de Ursa, de Visconti.

Enfim, o texto é muito prazeroso, convidativo a cada parágrafo, e desperta aquela vontade de conhecer a Itália cidade por cidade. Vontade que acometeu tanto gente de verdade que passou por lá - de Truman Capote a André Gide, passando por George Clooney -, quanto a gente da ficção, como os personagens de Henry James e Patricia Highsmith.

>>> Tentei quebrar o gelo com o badalado diretor chinês Jia Zhang-ke, mas o cara é intransponível. As quase seis horas somadas de Plataforma e O Mundo são osso duro de roer, exemplo do cinema mais entediante que alguém pode fazer - isso, claro numa primeira impressão.

O Mundo, de Jia Zhang-Ke

O que mais me impressiona no cara é como ele filme tudo à distância, em planos fixos, sem deixar nenhuma via de acesso aos personagens, à gente de seu universo. Tudo é despersonalizado a ponto de que a sensação dominante é de estar completamente perdido diante de imagens da China tão expressivas quanto tinta secando. Ouve-se algumas vozes conversando, mas quem é quem? Alguma situação ameaça acontecer, mas a "ação" pula para outros chinas parecidos, falando outras coisas, também à distãncia, em tom monocórdio. Haja paciência.

Não se trata de cobrar trama, estrutura sydfieldiana, ou coisa do tipo. Basta criar alguma via de acesso para que se possa apreciar a humanidade e a visão de mundo que é tão aclamada no cineasta. Tenho mais dois filmes dele em casa - Prazeres Desconhecidos e Em Busca da Vida - e vou ver assim que criar ânimo para isso. Por enquanto, prefiro em muito o único filme que vi do finado Edward Yang, As Coisas Simples da Vida, ou Yi Yi. O filme é uma jóia, cheio de calma, observação humana e comentário político, de extrema sutileza. Tem em DVD.

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