sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Resumo da ópera

Meu primeiro carnaval na rua, trabalhando, mesmo que protegido num praticável, vidro e ar refrigerado. Mas hoje é dia de sujar os sapatos, cubro o Olodum. Cobertura de carnaval é no A Tarde On Line. Depois da propaganda, impressões cinéfilas e literárias dos últimos tempos:

>>> Da lista do Oscar, queria muito que Desejo e Reparação tivesse sido esnobado. Escrevi sobre o filme, mas não deixei tão claro o quanto me incomoda o fato do compositor da trilha insistir em seqüestrar o filme, com uma música cheia de notas altas, insistentes, querendo transformar o que deveria ser sutil num filme de terror. Dario Marianelli não é tão ruim quanto Philip Glass (que estragou As Horas e Notas Sobre um Escândalo), mas na primeira parte ficamos a sua mercê. E da edição vapt-vupt, que tenta concatenar as cenas com tempo de máquina de escrever.



James McAvoy e Keira Knightley, excelentes no novelão Desejo e Reparação

Falta sutileza, mas ainda bem que o filme vira logo um novelão muito bem filmado. Alerta: esse novelão não é Ian McEwan, o livro continua inteiraço, exigente, sutil, e infinitamente mais complexo até quando o filme tenta colocar as manguinhas de fora com a metalinguagem. Na comparação, o final do filme é pálido, mesmo com Vanessa Redgrave.

>>> Gosto mais de Conduta de Risco, de Tony Gilroy, a mente por trás do script da fenomenal série Jason Bourne. Infinitamente sóbrio e elegante, o talento de Gilroy como encenador supera sua habilidade como escriba, estranhamente ausente aqui. O filme acumula um plot mal estruturado, mas cada cena é tão bem feita em si que o filme não só conquista a adesão do público (minha), mas também faz relevar a resolução de novela das seis. O conteúdo não é a forma? Mais aqui.



Clooney, mais uma vez, detona

>>> Aqui, a versão bruta de um texto que foi enxugado para o Caderno 2 de A Tarde, sobre o aniversário de 80 anos de Jeanne Moreau. A edição ficou bacana, mas nesse texto tinha mais detalhes, e ainda sobrou coisa de que não falei.

>>> Acabei de ler há pouco Amor Para Sempre, de Ian McEwan - dos livros dele que li, o mais fraco, mas não sem momentos muito bons. Jornalista científico testemunha um acidente de balonismo e começa a ser eprseguido por outra pessoa que também estava no local. Tensão aqui é diferente. Num momento inacreditável de tão bom, McEwan manifesta essa angústia toda do personagem numa reação física - vontade de cagar - que nada tem de escatológico ou engraçado. Vários outros momentos de delicadeza, mas no conjunto, o livro não é tão forte.

2 comentários:

Gustavo disse...

Saymon, lendo essa sinopse do Amor Para Sempre tava pensando: ''caralho, jah vi esse filme...''. E jah tinha visto mesmo! Foi adaptado acho que cara que dirigiu Nothing Hill e tem o Daniel Craig no elenco. Ja viste?

Saymon Nascimento disse...

Eu não vi esse filme. Até sabia que ele existia, mas preferi ler o livro primeiro. Quando puder, vou passar na locadora e procurar. Valeu.