Ao mesmo, tem graça e energia trazidas por um diretor que continua filmando como menino, capaz de fazer ressoar com fluência e eloqüência o texto primoroso e aparentemente caótico que ele mesmo escreveu. É um filme que corre solto na sua alegria triste, dominado pela presença do próprio Oliveira novamente atuando e amplificando o registro autobiográfico de sua obra. Paulo José, seu alter-ego em Todas as Mulheres do Mundo, é presença fundamental para o estabelecimento dessa primeira pessoa, e Aderbal Freire tem a mais bela atuação masculina que vejo no cinema brasileiro em bastante tempo.
Domingos Oliveira e Aderbal Freire
O filme é arrasador, magnífico, lúcido, e seria o fecho perfeito da obra de Domingos. Mas, além da imensa saudade que ele deixaria com sua visão de mundo nouvelle vague - muito masculina, apaixonada pela vida e com tendência a se entregar mesmo quebrando a cara -, a pilha ainda está longe de acabar. Juventude estreou em Gramado, e logo depois, no Rio, ele apresentou Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, mais um filme para sua cada vez mais brilhante carreira. Bravo!
P.S.: Relembrando de Sinédoque, Nova York à luz desse filme, acho que descobri por que não gosto de Charlie Kaufman. Ele, ao contrário de Domingos, não sabe nada da vida, e seu ensimesmamento intelectual e obsesseivo me mostram um artista pouco disposto a viver tudo que lhe é possível. Seus ensaios sobre amor, arte e morte recheados de truque me parecem ainda mais ingênuos e superficiais.
Um comentário:
Olá... li um comentário seu no blog do Merten, sobre o lançamento na França dos dvds de Amar e Morrer e Imitação da vida... Meu pai é historiador e colecionador de grandes clássicos do cinema... Se não for incômodo, gostaria de saber onde é possível encontrar esses filmes... parabéns pelo blog... beijos
Yasmin
yasmin_benedetti@hotmail.com
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