Abaixo uma pequena amostra de Canções de Amor, de Christophe Honoré, um dos candidatos a filme do ano. Aqui em Salvador, o cara concorre com ele mesmo, já que o ainda melhor Em Paris chegou atrasado. Canções de Amor é um musical à Jacques Demy, só que filmado no meio da rua mesmo, em apartamentos de verdade, com espontaneidade Godard e romantismo Truffaut. Não é um lance de citação, mas de espírito. Enfim, a nouvelle vague voltou com tudo com a aproximação de seus 50 anos. O filme passou no Festival da SaladeArte, que programei, e deve entrar em cartaz logo logo. A amostra:
Um comentário:
Saymon,
"Canções de amor" funda também uma nova sexualidade no musical: Gene Kelly se apaixona por Fred Astaire, uma subversão ao gênero (com duplo sentido). A partir de agora, certamente não teremos como certa a masculinidade de fraque e cartola. Em muitos sentidos, está mais para Gene Kelly que para Fred Astaire. Mudando de calçada, Christophe Honoré tem o frescor de Truffaut, sabendo utilizar tomadas externas de Paris sem derramar-se em obviedades. Os amores errantes, quase divididos em esquetes, me lembram a leveza desordenada de "Beijos Proibidos"; como você notou, há uma referência clara a "Domicílio conjugal", e outra ainda mais evidente a Demy. Louis Garrel encarna esse novo cinema francês, se que é podemos simplificar diversas tendências. Talvez integre a mais talentosa. Cahiers du Cinéma dedicou uma capa a ele, o que indica o lugar que ele já ocupa. Reconheço potencial, mas ainda precisa deixar de ser Louis Garrel; isso implica numa troca de barbeiro e na mudança do abotoamento da camisa. Em "A fronteira da alvorada", esse pastiche tedioso, consegue distanciar-se das outras atuações, ao representar um fotógrafo. Mas o papai resolver mostrar como o filho cresceu: fez um blow up em close up. Em preto e branco, com granulações. Não há bonequinho do Globo que se levante.
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