Simon Kessler é psicólogo do setor de RH da filial francesa de uma multinacional alemã, o responsável pela demissão bem sucedida de 1,2 mil pessoas no plano de reestruturação da empresa. Um de seus chefes pede uma avaliação psicológica do diretor geral, que estaria tendo estranhas crises de tristeza.
No fim das contas, Kessler vai descobrir uma ligação da empresa com a engenharia do nazismo e dos campos de concentração. O diretor assistente, por usa vez, foi uma das crianças do programa de adoção criado por Himmler, e tem associações com uma organização de extrema direita.
A impressão final é de que a ligação com o nazismo é apenas um estopim para que a convivência com a desumanização empresarial necessária ao trabalho do RH finalmente faça mal a Simon Kessler. Filmando um inferno gelado em tons frios de azul e ritmo nada condescendente com a platéia - A Questão Humana é longo, lento e deliberadamente exaustivo - Klotz vai muito mais longe que o bom similar americano Conduta de Risco (Michael Clayton), de Tony Gilroy.
O passaporte para o inferno de A Questão Humana, aliás, é o maravilhoso ator Mathieu Amalric, aquele homem que, sem exagero, entregou uma das melhores atuações dos últimos 20, 30 anos, em Reis e Rainha. Seu desafio no filme de Klotz - a representação de uma falência pessoal sem quê nem porquê exatos, arcos de personagem ou motivação - é cumprido sem esforço aparente. O cara é um gênio.
Sugestão para sessão dupla: O Que Você Faria? (O Método Grumholm), de Marcelo Piñeyro, já em DVD.
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