sábado, setembro 20, 2008

Longe

Leio com alguma dificuldade O Cerne da Questão, de Graham Greene, não por causa do livro, mas devido à falta de tempo dessas últimas duas semanas. Além da rotina pesada, em casa tenho que ler um livro sobre a indústria do cinema recém-lançado e o conto Janela Indiscreta, de Cornell Woolrich - ruim... - para textos do jornal. Mas vou me empenhar.

A melhor conseqüência da expansão do Império Britânico mundo afora foi para a literatura. É impressionante como os ingleses conseguem refletir sobre sua condição de invasores, e, mesmo com algo de autopiedade, tornar comovente sua relação com o resto do mundo. A tendência é o cinismo, mas, depois de algum tempo num lugar distante, voltar para casa é muito difícil - é quase uma síndrome de Estocolmo em relação a um local opressor, e não a uma pessoa.

Graham Greene é meio símbolo desse domínio no século 20 - foi espião, viveu na África, quase desertou para aliar-se à União Soviética, esse tipo de coisa. Em O Cerne da Questão, o cenário é Freetown, capital da Serra Leoa, cidade sob domínio inglês mas com gente de todo lugar - sírios, turcos, europeus, etc. Fãs de Said podem indignar-se à vontade: os locais estão bem longe da nossa vista, como objetos de cena. Quando terminar, talvez poste mais alguma coisa.

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