quinta-feira, agosto 14, 2008

Esperando O'Neill

Faz um tempinho já -dois meses?- que interrompi minha dieta literária para ler um mobral de história da arte, coisa sobre a qual sempre quis ter um pouco de conhecimento. Comprei um livro da Ediouro, "Arte Comentada", que parece uma revista. Texto básico, informativo, que funciona bem como apresentação.

Tem umas duas semanas que estou parado entre o início da fotografia e o impressionismo, por uma espécie de esgotamento. O assunto é de fuder, mas preciso ler outras coisas. Ler piauís velhas é ótimo (ainda estou em abril), mas não resolve.

(Mesmo assim, a revista continua tendo pelo menos um texto muito bom por edição. Em abril, destaca-se Os Órfãos de Eufrásia, de Marcos Sá Correa, sobre como a cidade de Vassouras torrou a herança milionária da namorada de Joaquim Nabuco. Aliás, alguém já leu A Sucessora, da filha de Joaquim, Carolina? Novelão curioso, campestre e aristocrático. Lembrei dele lendo a reportagem).

Nesse ínterim, li uma peça, mas continua tendo problemas em "ler" textos de teatro. É uma experiência meio brochante, mesmo quando o texto é genial. Só fico pensando na encenação da coisa, e a peça só se realiza na minha cabeça quando vejo uma montagem, mesmo que cinemotográfica.


Katharine Hepburn, em Longa Jornada Noite Adentro

O texto que li é o Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene O'Neill. Peguei para ler por um motivo nobre: a adaptação que Sidney Lumet fez no início dos anos 60 circula na internet num rip do dvd espanhol, com uns 35 minutos cortados da metragem original, que chega perto das três horas.

O único rip do filme na íntegra só tem legendas disponíveis em chinês, e não quero ver sem tradução. Adaptações teatrais costumam ser duras de ouvir no inglês puro. Por isso, li o texto para ficar mais fácil de fazer as legendas, mesmo que a tradução me pareça ruim, empolada.

O tom geral dessas peças de câmara da dramaturgia americana sempre me pareceu mais brutal, ao menos nas adaptações. Diálogos costumam ser explosivos e francos, transbordando de sexo, como em Quem Tem Medo de Virginia Woolf, de Albee, ou De Repente, No Último Verão, de Tennessee Williams. No cinema esses textos deram grandes filmes, aliás.

Na tradução brasileira da Abril, Longa Jornada tem essa franqueza, mas os diálogos vão na direção contrária, se perdendo em floreios desnecessários. Vamos ver se é assim mesmo no original.

Enfim, o filme dessa peça é tido como uma das obras-primas de Lumet, junto com Um Dia de Cão, Doze Homens e Uma Sentença, Rede de Intrigas e O Homem de Prego. Muitas "obras-primas"? Pois é, esses quatro aí eu vi e assino embaixo. Não é hipérbole.

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