segunda-feira, agosto 20, 2012

Minha lista para a S&S

Taqui a minha lista para a Sight & Sound (mentira, não me chamaram, mas não perdem por esperar) em ordem alfabética.

Amantes, de John Cassavetes
A Ascensão, de Larisa Shepitko
A Tortura do Medo, de Michael Powell
Carta de uma Desconhecida, de Max Ophuls
Cidadão Kane, de Orson Welles
Cupido É Moleque Teimoso, de Leo McCarey
Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais
Lawrence da Arábia, de David Lean
Nashville, Robert Altman
Uma Aventura na Martinica, de Howard Hawks

Já havia feito lista de favoritos em 2007 e 2008, mas isso aqui é como eu me sinto agora. 

segunda-feira, agosto 13, 2012

Telecurso 2000 Gotham

Uma coisa que me impressiona (para o mal) nos filmes de Christopher Nolan é a sua excessiva necessidade de rocambolizar suas historinhas a tal ponto que o único jeito de administrá-las é descrevê-las tim tim por tim tim, o tempo todo. Na primeira meia hora desse Batman eu até relevei, achei que era só um começo pouco inspirado, mas o filme passa dessa marca e continuamos a ver a mesma situação se repetir em uma a cada três cenas: um terço do filme é isso, personagem A explica para personagem B uma situação X.

Alfred explica a situação da empresa para Bruce, Lucius explica a situação da empresa para Bruce e depois fala dos seus equipamentos, Miranda fala do seu projeto para Bruce, Blake explica para Bruce como o reconheceu, o sócio de Bruce explica para Bane o seu plano, Bane explica pro Batman as suas motivações, os colegas de cela explicam pra Batman como uma criança saiu da cadeia e quem seria aquela criança, Miranda explica quem ela é, explica porque seu plano é infalível... Enfim, blá blá blá.

Não tem conversa: as palavras para Nolan são apenas uma funcionalidade, e uma funcionalidade sobre a qual ele não tem muito domínio. Há nesse Batman alguns dos piores diálogos de blockbusters recentes, fator realçado pela pretensão de ser uma "tragédia" e não um filme de comics. Quando Bane fala então ("Você apenas se acostumou com a escuridão, mas eu fui moldado por ela", etc), com aquele sotaque supostamente diferenciado, a agonia de ver o filme toma proporções épicas, aí sim.

Não vou nem entrar aqui no queijo suíço desse roteiro (até porque não tô nem aí) nem na contínua inabilidade que esse cara tem de filmar ação. O que mais me incomodou foi perceber que um filme tão insuportavelmente didático (é um Telecurso 2000 Gotham) não deixa o mínimo espaço para qualquer ambiguidade, qualquer pensamento mais elaborado que fuja da explicação de motivações. É um filme sem segundas interpretações, já que só interessa entender por que um personagem vai de um ponto ao outro.